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As Aulas de ILE Têm de Migrar para o Online: Atividades de Ensino e Desafios durante a Pandemia de COVID-19 na Indonésia

Uma análise da investigação sobre as práticas, desafios e implicações do ensino online de ILE por professores indonésios durante a pandemia de COVID-19, baseada num estudo de 2020.
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Índice

1. Introdução & Visão Geral

Esta investigação, publicada na Register Journal (Vol. 13, No. 1, 2020), analisa a implementação da aprendizagem online de Inglês como Língua Estrangeira (ILE) na Indonésia durante a pandemia de COVID-19. Desencadeada por mandatos governamentais para o ensino à distância, o estudo explora as atividades práticas utilizadas pelos professores de ILE e os desafios multifacetados que encontraram nesta transição abrupta.

A pandemia global de COVID-19, declarada uma emergência de saúde pública pela OMS no início de 2020, forçou instituições de ensino em todo o mundo a suspender as aulas presenciais. Na Indonésia, o Ministério da Educação e Cultura emitiu diretrizes para o ensino online a nível nacional a partir de março de 2020. Este estudo posiciona-se neste contexto crítico, com o objetivo de documentar a realidade no terreno do ensino remoto de emergência no setor do ILE.

Instantâneo da Investigação

  • Revista: Register Journal
  • Volume/Edição: Vol. 13, No. 1 (2020)
  • Páginas: 49-76
  • DOI: https://doi.org/10.18326/rgt.v13i1.49-76
  • Participantes: 16 Professores de ILE
  • Método: Qualitativo (Reflexões & Entrevistas)

2. Metodologia de Investigação

O estudo adotou um desenho de investigação qualitativa para obter perspetivas aprofundadas sobre as experiências dos professores.

2.1. Participantes & Recolha de Dados

Dezasseis (16) professores de ILE de várias instituições na Indonésia participaram voluntariamente. Os dados primários foram recolhidos através de reflexões escritas onde os professores detalharam as suas práticas e desafios de ensino online. Posteriormente, cinco (5) professores foram selecionados para entrevistas de acompanhamento individuais e semiestruturadas para elaborar sobre as suas reflexões.

2.2. Análise & Validação de Dados

Os dados das reflexões e entrevistas foram codificados tematicamente. Para garantir a fiabilidade e validade, foi utilizado um processo rigoroso:

  1. Codificação Independente: Ambos os investigadores codificaram os dados separadamente.
  2. Discussão Cíclica: Foram realizadas várias rondas de discussão para conciliar diferenças de codificação e estabelecer consenso sobre temas e excertos.
  3. Relatório Informado: Foram selecionados excertos relevantes e representativos dos dados para ilustrar as conclusões na secção de resultados.

3. Atividades de Ensino de ILE Online

O estudo constatou que os professores se envolveram num contínuo de atividades online, em grande parte ditadas pelas políticas individuais das escolas.

3.1. Atividades Síncronas vs. Assíncronas

As atividades de ensino abrangeram modos síncronos (em tempo real) e assíncronos:

  • Atividades Síncronas: Chamada em direto, aulas por vídeo em tempo real, sessões de perguntas e respostas instantâneas e tarefas colaborativas ao vivo.
  • Atividades Assíncronas: Atribuição de tarefas através de aplicações de mensagens, partilha de aulas em vídeo pré-gravadas, fornecimento de feedback sobre trabalhos submetidos e facilitação de discussões em fóruns.

A escolha entre modos dependia frequentemente de fatores como a estabilidade da internet, o acesso dos alunos a dispositivos e as diretrizes da escola.

3.2. Tecnologia & Plataformas Utilizadas

Os professores utilizaram um ecossistema digital diversificado e frequentemente sobreposto:

  • Sistemas de Gestão da Aprendizagem (LMS): Plataformas como o Google Classroom, Moodle ou portais específicos das escolas para organizar conteúdos e tarefas.
  • Ferramentas de Comunicação: WhatsApp, Zoom, Google Meet, Skype para interação e instrução.
  • Plataformas de Conteúdo & Recursos: YouTube, sites educativos e bibliotecas digitais para materiais suplementares.

Esta abordagem de "múltiplas aplicações" era comum, mas podia levar à fragmentação e a um aumento da carga cognitiva tanto para professores como para alunos.

4. Desafios na Aprendizagem de ILE Online

A investigação identificou uma tríade de desafios significativos, indicando que a transição esteve longe de ser perfeita.

4.1. Desafios Relacionados com os Alunos

  • Acesso & Infraestrutura Limitados: Conectividade de internet pouco fiável, falta de dispositivos adequados (smartphones, portáteis) e quotas de dados insuficientes.
  • Engajamento & Motivação Baixos: Dificuldade em manter o foco e a participação dos alunos num ambiente remoto, levando a uma aprendizagem passiva.
  • Honestidade Académica: Desafios na monitorização e prevenção de plágio ou fraude durante as avaliações.

4.2. Desafios Relacionados com os Professores

  • Lacuna na Literacia Digital: Níveis variados de proficiência na utilização eficaz de ferramentas e plataformas de ensino online.
  • Carga de Trabalho Aumentada: Tarefas demoradas de preparação de materiais digitais, gestão de múltiplas plataformas e fornecimento de feedback individualizado online.
  • Adaptação Pedagógica: Dificuldade em traduzir métodos eficazes de ensino presencial de ILE (por exemplo, atividades comunicativas) para o espaço online.

4.3. Desafios Relacionados com os Pais & Sistémicos

  • Papel & Apoio Parental: Falta de compreensão ou capacidade dos pais para apoiar a aprendizagem online dos filhos, especialmente em contextos socioeconómicos mais baixos.
  • Falta de Preparação Sistémica: A conclusão abrangente foi que a aprendizagem online foi implementada sem preparação, planeamento, formação ou alocação de recursos adequados a nível institucional e governamental.

5. Resultados & Principais Conclusões

Os resultados centrais indicam que, embora os professores indonésios de ILE tenham tentado ativamente ministrar instrução online utilizando as ferramentas disponíveis, o processo foi severamente prejudicado por questões sistémicas e práticas.

Conclusão Primária: A aprendizagem online durante este período não funcionou de forma ideal devido a uma falta fundamental de preparação e planeamento a vários níveis. A mudança foi reativa (ensino remoto de emergência) em vez de proativa (aprendizagem online projetada).

O estudo destaca o fosso entre o mandato político e a execução prática, sublinhando a necessidade de sistemas de apoio estruturados para professores, alunos e pais em ambientes de aprendizagem digital.

6. Discussão & Implicações

A discussão enfatiza que apenas transferir o ensino para o online é insuficiente. Para que a aprendizagem de ILE online seja eficaz, deve ser pedagogicamente sólida, bem apoiada e equitativa.

Implicações Principais:

  • Formação de Professores: O investimento em desenvolvimento profissional abrangente para pedagogia digital e domínio de ferramentas é não negociável.
  • Infraestrutura & Equidade: Abordar a divisão digital é crucial para uma educação inclusiva. Isto inclui acesso à internet, fornecimento de dispositivos e dados acessíveis.
  • Modelos de Aprendizagem Mista: O futuro provavelmente reside em modelos mistos flexíveis que combinam o melhor do ensino online e presencial, exigindo um design instrucional cuidadoso.
  • Políticas & Enquadramentos de Apoio: As políticas educativas precisam de ser acompanhadas por diretrizes de implementação detalhadas, financiamento e mecanismos de apoio contínuos.

7. Análise Original & Comentário de Especialista

Perceção Central: O estudo de caso indonésio de ILE é um microcosmo global, expondo a profunda diferença entre ensino remoto de emergência e aprendizagem online intencionalmente projetada. O primeiro, como Hodges et al. (2020) definiram apropriadamente, é uma mudança temporária devido a uma crise, muitas vezes carecendo do design robusto, apoio e recursos do segundo. Esta investigação confirma que a pandemia forçou o primeiro, com as lutas previsíveis.

Fluxo Lógico: A lógica do estudo é sólida: mandato → implementação → observação de atividades → identificação de pontos de fricção. As conclusões fluem das barreiras infraestruturais (o "hardware" da internet e dispositivos) para os desafios pedagógicos e humanos (o "software" do engajamento, literacia e apoio). O estrangulamento final, corretamente identificado, é a falta de preparação sistémica—uma falha ao nível do planeamento e alocação de recursos.

Pontos Fortes & Fraquezas: O ponto forte reside na sua abordagem qualitativa, oportuna e fundamentada, dando voz às experiências vividas pelos professores—uma perspetiva frequentemente ausente dos relatórios políticos de cima para baixo. No entanto, a sua fraqueza é a escala limitada (16 professores) e a falta de dados longitudinais. Capta a "fase de choque" inicial, mas não acompanha a adaptação ao longo do tempo. Comparar estas conclusões de 2020 com estudos posteriores, como os sintetizados na International Journal of Educational Technology in Higher Education, mostra que, embora as ferramentas se tenham tornado mais familiares, as questões centrais de equidade, engajamento e carga de trabalho dos professores persistiram, evoluindo em vez de desaparecer.

Perceções Acionáveis: Para as partes interessadas, isto não é apenas uma autópsia de 2020. É um manual para tornar a educação à prova de futuro. Primeiro, investir na capacidade dos professores, não apenas em ferramentas. A formação deve focar-se no redesenho pedagógico, não no clicar de botões. Segundo, adotar um modelo híbrido por design. Como sugerido por modelos como a Comunidade de Investigação (Garrison et al., 2000), a aprendizagem online bem-sucedida requer o cultivo cuidadoso da presença de ensino, social e cognitiva—elementos abordados de forma aleatória no modo de emergência. Terceiro, aproveitar os pontos fortes assíncronos. A investigação sugere, mas pouco explora, o potencial assíncrono. Atividades assíncronas bem projetadas (por exemplo, documentos colaborativos, fóruns de discussão, revisão por pares) podem mitigar os desafios síncronos e promover uma reflexão mais profunda, um princípio apoiado pelas melhores práticas do Online Learning Consortium. Finalmente, implementar pilhas tecnológicas simples e integradas. A "sobrecarga de aplicações" observada aumenta a fricção. Recomendar um conjunto central e interoperável de ferramentas (por exemplo, um LMS + uma plataforma de vídeo + uma ferramenta de comunicação) pode reduzir a carga cognitiva e otimizar os processos.

8. Enquadramento Técnico & Modelo de Análise

Para analisar a eficácia e os desafios do ensino online descrito, podemos propor um enquadramento conceptual simples. Seja a eficácia geral do ensino $E$ uma função de variáveis interdependentes chave:

$E = f(T, S, P, I, R)$

Onde:

  • $T$: Pedagogia Digital & Preparação do Professor
  • $S$: Acesso & Preparação do Aluno
  • $P$: Ambiente de Apoio Parental/Doméstico
  • $I$: Política Institucional & Apoio à Infraestrutura
  • $R$: Integração de Recursos & Plataformas

As conclusões do estudo sugerem que, durante a fase inicial da pandemia na Indonésia, as variáveis $S$ (devido à divisão digital), $T$ (devido a lacunas na formação) e $I$ (devido à falta de preparação) estavam criticamente baixas, atuando como fatores limitantes. Assim, mesmo que $R$ (recursos) fosse moderadamente alto devido às aplicações disponíveis, a eficácia geral $E$ foi limitada pelos elos mais fracos, de acordo com a lei do mínimo de Liebig. Isto pode ser modelado como:

$E \propto \min(T, S, P, I, R)$

Exemplo de Enquadramento de Análise: Um administrador escolar pode usar este modelo para diagnosticar o seu ecossistema de aprendizagem online. Ao classificar cada variável (T, S, P, I, R) numa escala (por exemplo, 1-5) através de inquéritos ou auditorias, pode identificar a principal restrição (a pontuação mais baixa). Por exemplo, se a auditoria revelar $S=2$ (acesso fraco dos alunos) e $I=2$ (apoio institucional fraco), enquanto $T=4$ (os professores estão preparados), o investimento deve primeiro visar $S$ e $I$ (por exemplo, fornecendo dispositivos/dados e diretrizes de apoio claras) antes que a formação avançada de professores ($T$) possa render retornos completos. Isto move o planeamento de uma abordagem dispersa para uma baseada em restrições e sistémica.

9. Aplicações Futuras & Direções de Investigação

Com base neste estudo, várias direções futuras são críticas:

  1. Estudos Longitudinais & Comparativos: Acompanhar a evolução das práticas e desafios dos mesmos professores ao longo de 2-3 anos após a pandemia para mapear trajetórias de adaptação. Comparar experiências indonésias com outros contextos do Sul Global para identificar desafios universais vs. específicos do contexto.
  2. Foco nos Resultados da Aprendizagem & Equidade: Ir além da descrição de atividades para medir rigorosamente o impacto de diferentes modelos online/híbridos nos ganhos reais de proficiência em ILE. Foco especial em intervenções que superem com sucesso a divisão digital para alunos desfavorecidos.
  3. Ferramentas de Aprendizagem de Línguas Potenciadas por IA: Investigar o papel de tecnologias emergentes como agentes conversacionais com IA para prática oral, ferramentas de avaliação automática de escrita para feedback e plataformas de aprendizagem adaptativa que personalizam o conteúdo—tudo considerando a sua acessibilidade e implementação ética.
  4. Investigação Baseada no Design (DBR): Parceria com professores para co-projetar, implementar e melhorar iterativamente módulos específicos de ILE online com base em enquadramentos como a Comunidade de Investigação, e depois estudar a sua eficácia. Isto muda a investigação da observação para a construção colaborativa de soluções.
  5. Análise de Políticas & Ciência da Implementação: Estudar como as políticas educativas nacionais e locais relativas à aprendizagem digital são traduzidas (ou se perdem na tradução) nas práticas ao nível da escola e nas realidades da sala de aula, identificando pontos de alavancagem chave para uma implementação eficaz.

10. Referências

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